Morbius | Mais um filme genérico de vilão do Homem-Aranha no Sonyverso da loucura
A Sony Pictures sempre quis construir seu próprio universo nos cinemas e, após o fracasso de tentar estabelecer múltiplas franquias do mundo do “Homem-Aranha”, o estúdio viu uma nova chance após o recomeço do herói na Marvel Studios e o sucesso do filme solo do vilão “Venom” (2018). Com o objetivo de expandir seu Aranhaverso, chega aos cinemas “Morbius”, que além de adaptar mais um vilão do aracnídeo, tenta fazer uma leve incursão ao mundo de vampiros.
Na trama, Michael Morbius é um jovem cientista premiado, mas portador de um distúrbio sanguíneo que o deixa gravemente adoecido e podendo levar a morte. Desesperado, sua busca o leva atrás dos métodos menos convencionais possíveis, o que pode ser um perigo a todos ao seu redor. Desde seus primeiros minutos nota-se os acertos do longa e seus principais erros. Apesar de estabelecer o arco dramático do protagonista, o filme logo se torna uma bagunça.
Aqui são claras as escolhas e interferências do estúdio para transformar o vilão em anti-heroi, tornando o longa o mais genérico possível. O filme parece querer preencher alguns pré-requisitos que o tornariam um sucesso, mas o tiro sai pela culatra. Há um romance forçado, uma relação familiar rasa, inúmeras conveniências na trama e ao mesmo tempo coisas que são esquecidas no roteiro. Um exemplo claro é que a história tenta questionar se os poderes são uma maldição ou benção, mas isso nunca é realmente testado.
Mas nem tudo é ruim. Há alguns (poucos) pontos bons ao longo da exibição. Além de um leve esforço dos atores Jared Leto e Matt Smith em levar o filme a sério, o diretor Daniel Espinosa parece ter tentado fazer algumas coisas diferentes, que em algum momento se perderam. Espinosa, vindo do ótimo filme de terror “Vida” (2017), tenta explorar alguns ângulos diferentes de câmera, ambientação no terror e suspense, até na maquiagem e efeitos visuais (as escolhas para o sonar são muito interessantes), o que garante algumas cenas interessantes e divertidas. Porém, tudo isso se perde no roteiro confuso e na edição que claramente retirou muitas cenas, que tornam muitas situações sem sentido ou apenas desnecessárias. Ainda sobre o elenco, vale citar o desperdício que é a presença do Jared Harris aqui.
Ao final, "Morbius" é o puro suco de boas ideias, mas com uma execução muito ruim. Talvez o longa se saísse melhor como um filme de terror ou até com classificação mais alta. Mesmo com uma trama que segue os elementos da franquia "Venom", onde os arcos são extremamente datados e rasos, aqui tudo se torna pior por não ter a personalidade que os filmes do simbionte possuem, tornando-o completamente esquecível. Vale ressaltar aqui também que, nem as cenas pós-créditos se salvam. Desesperadas e forçadas, fazem menos sentido que o roteiro do filme em si.
Nota: 4/10

Nenhum comentário