Adeus, Londres! Olá Rio!

     Agora é com o Rio de Janeiro. O encerramento dos Jogos de Londres marcou oficialmente a transferência do evento para a Cidade Maravilhosa. E essa transição foi marcada pela troca de estilos. O cinza londrino e a música pop britânica foram substituídos pelo sol carioca e o "samba do crioulo doido", como os organizadores do show brasileiro definiram a apresentação verde-amarela dentro da festa de encerramento. A entrega da bandeira olímpica ao prefeito da capital fluminense, mais do que um ato protocolar, representou que as Olimpíadas pertencem a partir de agora ao Brasil, com todas suas alegrias e responsabilidades que a realização de um acontecimento desse porte traz.
     Mais musical e menos teatral, assim foi a cerimônia de encerramento dos Jogos de Londres. Se na festa de abertura o texto de William Shakespeare foi o fio condutor do evento, a despedida teve como seu ponto de partida o discurso de Wiston Churchill, primeiro-ministro que liderou a Inglaterra durante a 2ª Guerra Mundial. O cinza típico dos céus da capital inglesa, representado através de páginas de jornais que cobriam veículos, cenários e atores espalhados no centro do Estádio Olímpico deu lugar a uma explosão de cores, tendo como trilha sonora sucessos do pop britânico. Do grupo juvenil One Direction, passando por bandas como Kinks, Madness, Petshop Boys, Kaiser Chiefs até a referência máxima Beatles, a música foi o grande destaque do evento.
     E as músicas do quarteto de Liverpool pontuaram os momentos mais marcantes da festa, que se prendeu ao lado contemporâneo da cultura britânica pós-década de 1960. E foi ao som de um clássico dos Beatles, "Here comes the sun", que os principais atores dos Jogos de Londres entraram no estádio. Vários atletas que conquistaram medalhas nesta edição das Olimpíadas surgiram no meio da plateia e se encaminharam para o gramado, onde delegações dos países participantes se encontravam.


    Logo após apresentação dos músicos remanescentes do Queen (que tocaram "We will rock you"), veio o momento mais esperado para os brasileiros: a transferência da bandeira olímpica. O prefeito de Londres, Boris Johnson, subiu ao palco central com a bandeira e a passou para o presidente do COI. Em seguida, Jacques Rogge a entregou para o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. A partir dali, os Jogos passaram, literalmente, para as mãos do povo do Brasil.
    A entrega da bandeira foi a deixa para a festa brasileira no Estádio Olímpico. Durante oito minutos, a cultura do país foi representada através de seus clichês: o samba no pé, representado pelo gari-sambista Renato Sorriso, o sincretismo religioso, na figura da cantora Marisa Monte vestida de Iemanjá, a mistura de culturas, explicitada numa dança indígena e na música "Maracatu Atômico", cantada pelo rapper carioca BNegão. Depois da entrada do "malandro" Seu Jorge (que cantou "Nem vem que não tem", uma das principais músicas do estilo que ficou conhecido como "pilantragem"), o palco se transformou numa réplica do calçadão de Copacabana, onde capoeiristas e passistas e a modelo Alessandra Ambrósio evoluíram abrindo alas para um dos maiores ícones do país: Pelé. Samba, ginga e futebol, esse foi o cartão de apresentação da cidade-sede das próximas Olimpíadas.
    Após a festa brasileira, o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Londres (Locog), o ex-atleta Sebastian Coe, emocionou-se ao agradecer aos voluntários que ajudaram na realização do evento, que pela terceira vez na história dos Jogos da Era Moderna acontecia na capital inglesa (depois de 1908 e 1948). Em seguida, o presidente do COI exaltou a participação dos atletas no evento e fez um convite ao mundo para acompanha as Olimpíadas no Rio de Janeiro.
     Depois dos discursos protocolares, a vez da pira olímpica ser apagada. Depois de cerca de três horas de show, cada uma das 204 pequenas tochas que representavam os países presentes no evento e formavam a pira foram apagadas lentamente, indicando o fim da festa do esporte. O som dos clássicos sucessos do grupo The Who, Londres passava a bola para o Rio. Agora é conosco. 2016 é logo ali.
     Mas falando dos atletas, o Time Brasil deixa Londres com um total de 17 medalhas, ocupando a 22ª posição no ranking geral dos Jogos. O número supera a previsão do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que esperava alcançar o mesmo resultado de Pequim, em 2008. Entre as conquistas alcançadas por 57 brasileiros que disputaram sete modalidades, três vitórias representaram ouro, como a da seleção feminina de vôlei e as vitórias de Sarah Menezes, do judô feminino, e de Arthur Nabarrete Zanetti , da ginástica artística masculina. Os brasileiros também conquistaram cinco medalhas de prata. Entre os segundos lugares, o pugilista Esquiva Falcão divide espaço com as equipes masculinas de futebol, vôlei de quadra, vôlei de praia e natação.
     As nove medalhas de bronze foram alcançadas por Adriana Araujo (boxe feminino), Yamaguchi Falcão (boxe masculino), Felipe Kitadai e Mayra Aguiar (judô), César Cielo (natação), Robert Scheidt e Bruno Prada (vela) e Juliana e Larissa (vôlei de praia feminino).
     A última medalha conquistada pelo Brasil foi mais um bronze no último dia de competições. Depois de mais de dez horas de competição, a pernambucana Yane Marques conquistou a medalha inédita no pentatlo moderno.
     Entre os estrangeiros, tivemos as confirmações dos mitos: Michael Phelps e Usain Bolt. Para ver o quadro de medalhas completo, clique aqui.
     Nos resta agora esperar acinosamente mais 4 anos, para que o Rio de Janeiro abra os braços para o mundo e receba o maior evento do mundo: As Olimpíadas.

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