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Euphoria (2ª Temporada) | Quando o hype é maior que uma boa história


Euphoria” foi lançada em 2019, sem muito alarde, porém com uma narrativa que fugia dos clichês do gênero. Cheia de esmero técnico, muito neon e trilha sonora marcante, rapidamente se tornou um fenômeno mundial e conquistou muitos prêmios. Criada por Sam Levinson, que também é diretor e roteirista, a série é uma adaptação de uma minissérie israelense homônima e a trama acompanha vários jovens, cujos caminhos se cruzam na escola ou em festas. Narrado por Rue (Zendaya), os episódios exploram um pouco da vida de cada um dos personagens, de forma totalmente descompromissada, divertida e ácida. E a história permeia temas como luta contra a dependência química, descobrimento e exploração da sexualidade, conflitos familiares, relacionamentos tóxicos, entre outros.

Após três anos do final da primeira temporada, a série retornou em janeiro desse ano cheia de novidades. No que se refere a narrativa e estilo, Levinson continua realizando um ótimo trabalho, trazendo Rue e outros personagens em cenas que quebram a quarta parede, metalinguísticas e cheias de surrealismo. Na parte técnica, as marcas emblemáticas do seriado, como as cores vibrantes e câmeras ágeis, saem de campo, entrando uma fotografia mais crua, de cores mais lavadas e filmagem em câmeras analógicas, trazendo uma diferença gritante desde o primeiro episódio. Tal novidade deu a série um ar mais introspectivo e menos festivo.

Porém, por baixo de todo esse esmero técnico, o maior problema da temporada se escancara: uma história frágil e fraca. Vários rumores comentaram da extensa reescrita e modificações nos roteiros da temporada e isso é visível em diversos arcos. Novos personagens e tramas são introduzidas, há um ensaio de aprofundamento em alguns personagens, mas muitas histórias são contadas de forma apressada ou simplesmente descartadas em detrimento de outras. Existem personagens que simplesmente somem (onde está o Mckay?) ou situações que não levam a nada (o arco da mala e da traficante).

Apesar disso, vale salientar o quanto o elenco é talentoso e mesmo com esses problemas de construção, conseguem elevar muito o nível da produção, tornando os personagens cada vez mais cativantes e curiosos. Elogiar a Zendaya é algo batido, mas é preciso enaltecer o nível de atuação dela na temporada, principalmente no episódio 5 (que deve lhe dar o Emmy desse ano). No entanto, a Hunter Schafer (Jules) e a Sydney Sweeney (Cassie) também estão muito marcantes na temporada. A cada olhar, palavra dita ou não-dita, ambas demonstram uma carga gigante de talento e carisma.

Ao final, entre episódios excelentes e outros mais mornos, “Euphoria” finaliza sua segunda temporada com um saldo bem agridoce. Agora, resta aguardar que Levinson consiga conduzir de maneira mais coesa a próxima temporada, para que enfim a série se consagre como um produto memorável e não apenas fruto do hype.

Nota: 8/10

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